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Sol

Era um dia nublado. O sono descansou o coração, mas dias nublados cismam em querer chover. Às vezes por nuvens, outras por olhos. Deixei as nuvens do rosto carregadas, mas não choveu. Nem um chuvisco. O dia não queria deixar de ficar nublado.

Mas o sol não aceitou não brilhar. Ele não costuma aceitar. O sol tentou tentou e brilhou. Com tatuagem de caneta e choro de quem é cuidadosa, mas perdeu e achou. Às vezes as nuvens aparecem de repente e trazem nuvens passageiras com chuvas localizadas. O sol tentou com um sorriso e outro abraço. E esquentou por dentro a cidade inteira.

Ele cismou em sair. Como as nuvens cismavam em ficar. Talvez elas não precisassem sair pra que o sol brilhasse. Ele saiu no céu e tocou um rosto. Alguém estava tentando dizer "não te deixarei, jamais te abandonarei". O Alguém que mais importa.

Depois desse sol, o caminho se continuou, se fez, se aumentou. O caminho pra casa era longo. Mas o sol do céu resolveu descer em flauta transversa, sanfona e forró. O caminho se fazia com pés parados e andando no mesmo ritmo. O sol estava dentro do metrô com sorrisos tímidos, palmas e flores dadas no chapéu de um coração que estava nublado e com sol.

Às vezes, não se precisa que as nuvens saiam pra que se abra o sol.

Elisa Gonçalves - 06/10/2016


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